Eram 11 horas da noite, e eu estava em meu quarto depois de sair com algumas amigas da escola. Sabia que não havia tomado as melhores decisões naquela noite. “Mas”, justifiquei-me, “também não foram as piores”.
Frustrada, peguei uma tarefa da escola para fazer. Estava tão cansada que só queria terminar logo para poder dormir. “Ainda tenho que ler as escrituras. Mas acho que hoje não vou fazer isso”, pensei.
Comecei a pensar em tudo que precisava fazer. Ler as escrituras, ir ao seminário diário, frequentar a Igreja e a Mutual, tirar boas notas, participar de atividades extracurriculares, ter um emprego de meio período… a lista continuava.
Sentia-me muito pressionada em todas as áreas de minha vida, especialmente por ser o único membro da Igreja em minha escola secundária. Fiquei lembrando a mim mesma que talvez eu fosse a única representante dos santos dos últimos dias que meus amigos conheciam, por isso tinha de ser um bom exemplo. Mas sabia que estava começando a tropeçar.
“Queria ser despreocupada como meus amigos”, pensei. Também desejava não me sentir tão mal quando ia a uma festa ou dizia uma palavra feia, mas a verdade era que me sentia assim. Chegava a passar mal quando fazia escolhas que não eram as certas. Por algum motivo, porém, eu continuava a fazer essas escolhas.
Era quase meia-noite quando terminei meu dever de casa. Dali a cinco horas meu despertador estaria tocando. Eu ia acordar, arrastar-me até o seminário e tentar suportar outro dia de escola.
Foi um pensamento extremamente libertador. Fui me deitar e quase havia adormecido quando tive a forte impressão de que deveria ler as escrituras. “Não”, pensei. “Cansei.”
Senti aquilo novamente. Dessa vez, pensei: “Talvez apenas mais uma última vez”.
Naquele ano, no seminário, estávamos estudando o Novo Testamento. Abri no lugar em que estava meu marcador, no capítulo 1 de Tiago. Foi esse o capítulo que Joseph Smith leu e que o inspirou a ir até o Bosque Sagrado e a abrir o coração ao Pai Celestial. “Que ironia”, pensei. Comecei a ler.
O versículo 5 me era conhecido: “Se algum de vós tiver falta de sabedoria (…)”. Mas foi o versículo 8 que me abriu os olhos naquela noite. Dizia: “O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos”. Gelei. Li novamente.
Eu estava sendo inconstante. Dizia ser santo dos últimos dias, mas minhas ações começavam a dizer outra coisa. Se continuasse assim, não importava o caminho que tomasse, eu seria instável e insegura e, portanto, muito infeliz.
Eu precisava saber se o evangelho era verdadeiro. Precisava saber se valia a pena acordar às 5 horas da manhã todos os dias para estudar o evangelho. Precisava saber se estava tentando viver a vida da melhor forma possível, apesar de ser às vezes ridicularizada, porque isso realmente me proporcionaria maior felicidade e alegria.
Era quase 1 hora da madrugada, mas ajoelhei-me ao lado da cama e abri o coração ao Pai Celestial. Pedi-Lhe ajuda para saber o que era certo, para saber que rumo seguir e para que me tomasse pela mão e afastasse a confusão que eu sentia.
De modo simples, claro e sereno, veio-me à mente este pensamento: “Você já sabe”. E eu sabia.
Levantei-me, apaguei a luz e me deitei para dormir. Quatro horas depois, o despertador tocou. Com sono, eu o desliguei. Um minuto depois, estava de pé, pronta para outro dia, inclusive para o seminário diário.
Já se passaram anos desde que tive essa maravilhosa experiência pessoal no meio da noite. Meu testemunho continua a crescer. Às vezes, ele fica mais forte do que em outras ocasiões. A diferença é que eu sei e nunca olhei para trás.
fonte:https://lds.org/youth/article/answer-in-verse-eight?lang=por
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